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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Ter disciplina para disseminar

Hoje no Facebook, me deparei com um texto de Tiago Lima postado por Pedro Santiago (Santigas) que me apontou finalmente um norte, para umas das coisas que falta no parkour (pelo menos dentro do que conheço do parkour brasileiro incluindo a mim). Não só para parkour.

Com referência no texto de Tiago Lima que ao final deixarei para lerem, mostro o meu ponto de vista e que temos SIM parte da obrigação com as pessoas e não só consigo.

O falso parkour que tenho visto em vídeos dos outros e meu também, tem me aborrecido e me enfraquecido nos treinos. O parkour ficou mais comercial e circense, e giros enjoativos e gente se enroscados em barras como macacos bêbados de fruta amarula http://bit.ly/bXjlm.
Os movimentos enfeitados ganharam um novo brilho aos olhos daqueles que ainda não descobriram como "ser" com seu parkour, confesso que até eu gostei no início e tentei também. É a mesma coisa de você pegar o caminho mais perigoso para sua casa porque é mais perto. Dá preguiça dar a volta maior. Assim são os desafios da vida. Supere isso!
Bom. Após várias tentativas, acertei o movimento, e pensei em aplicar num percurso, tentei e tentei e me senti um idiota, daí os vídeos perderam o significado (que nunca tiveram), e me encontrei no ponto zero. Fiquei sem vontade nenhuma de ver outro vídeo com medo do doidinho começar a tomar amarula e ficar decepcionado.
Eu tinha um bobo objetivo superficial de "meu pai vai parar de fumar quando eu acertar o movimento", Lá vai... há! Droga... Viraram simpatia esfarrapada... não é assim que vou fazer meu pai parar de fumar, nem desde pequeno resolveu conversar, ele foi fraco.
O melhor que posso fazer é treinar outros para não terem espaço para vícios bobos exibicionistas, assim me disciplino ensinando-os a pensar que seu corpo é sua ferramenta de aprendizado, não só para si mesmo mas, uma ferramenta ajudar outros. De que forma? Sendo eu primeiro um bom indivíduo de caráter para eu estar apto a ensinar ao próximo para se espelhar nas minhas ações inspirando a outros.
Isso eu posso fazer treinando parkour. Compare o parkour como um caminho da vida. Durante um percurso com difíceis obstáculos estão as dificuldades (muros) a cada outro lado do muro partilhe uma boa ação. Por isso acredito que cada um de nós tem a obrigação de realizar esta difícil tarefa, porque reclamar é fácil, ir pelo caminho mais curto também. Pra mim, o difícil é foda. Este é o desafio real.
É fácil você errar, perder a cabeça. Difícil, é manter-se íntegro e verdadeiro consigo mesmo.

Eu já estou me treinando, só joguei uma fórmula, ponha seus ingredientes nela. Quero estar apto.


Texto de Tiago Lima

Continuo um sentimento ruim. O que houve com o intuito inicial da art du déplacement? Com o feeling que, com tanto carinho e garra, foi preservado quando descoberto por nós, no Brasil? Onde está o "ser forte"? Hoje em dia não vejo mais isso. As ocorrências, na verdade, são tão escassas que chega a ser vergonhoso ser praticante de Parkour. Mas que fique claro aqui que não é pela prática em si, mas pela repercussão e desenvolvimento avesso que a prática tomou. L'art du déplacement, Parkour, Free Running? Esqueceram que tudo veio do mesmo lugar e que esse lugar tinha apenas uma pergunta pairando? "Como ser forte?", eles questionavam no início. E hoje, que exemplo damos aos mais novos? Os mais antigos tem orgulho de ver o que fazemos? Eu entendo que o momento é diferente e que os recursos de difusão também melhoraram, mas isso não nos dá a liberdade de modificar o que foi no início. Vejo muitos rapazes, que se dizem praticantes de Parkour, executando formas e se deslocando sem objetivo algum, fracos, tanto fisicamente quanto mentalmente. Quando "ser jovem" começou a ser uma desculpa pra negligenciar a atenção a saúde e simplesmente ignorar os exercícios de manutenção/condicionamento, ou alimentação, sono? Quando a "paciência" começou a ser um atributo de pessoas acima de 30 anos? Quando o Parkour deixou de ser uma busca pela força (física e espiritual) e se tornou uma apresentação de macacos de circo? Independente do que façamos, com o tempo, fica cada vez mais claro que é necessário ter o fundamento, o básico, mais forte. E o básico é lembrar que no início, antes dos movimentos, antes dos saut de fond, saut de bras, précision, passe muraille, enfim, existia apenas uma pergunta que guiava um estado mental: "Como ser forte?", "O que 'forte' significa?", "O que 'ser forte' significa?". O tempo passa e estamos aqui, encontrando cada vez mais desculpas para o que fazemos e porquê fazemos. A liberdade de "encontrar seu próprio caminho" foi tomado de forma equivocada por muitos. Apesar de eu não ter o poder e nem o dever de alterar a maneira como a maioria observa o Parkour atualmente, só posso dizer que é uma pena e, as vezes, uma vergonha, saber que os valores iniciais foram abandonados por prestigio, fama, etc. Não se dá nada a alguém que não quer receber.